O "Túnel do Tempo"
Ariovaldo Ramos
Quando jovem assisti a uma série de TV chamada "O Túnel do Tempo". A saga de dois cientistas historiadores que voltavam no tempo, mas, sem conseguir estabelecer para onde iriam, a cada movimento.
Era uma aula dinâmica de história, ora sobre movimentos significativos, ora sobre os piores feitos humanos.
Recentemente, graças a atuação de membros da chamada "bancada evangélica", em apoio à certa proposta, me vi assistindo, de novo, a série "O Túnel do Tempo", embora ela já esteja fora do ar, há muito tempo, pelo menos, na TV aberta. E, nesse episódio, o momento revivido está entre os mais injustos da história: o macartismo,
"Macartismo (em inglês McCarthyism) é um termo que se refere à prática de acusar alguém de subversão ou de traição sem respeito pelas evidências. O termo tem suas origens no período da História dos Estados Unidos conhecido como segunda ameaça vermelha, que durou de 1950 a 1957 e foi caracterizado por uma acentuada repressão política aos comunistas, assim como por uma campanha de medo à influência deles nas instituições estadunidenses e à espionagem por agentes da União Soviética. Originalmente cunhado para descrever a patrulha anticomunista promovida pelo Senador republicano Joseph McCarthy, do Wisconsin."
Senão vejamos, da coluna de Esmael Morais (em site homônimo):
"Os cantores e compositores Chico Buarque e Claudia Leitte serão alvo de investigação de uma comissão parlamentar de inquérito na Câmara. A ameaça é do deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que anunciou a criação da CPI nesta terça (24) durante sessão conjunta com o Senado.
O “macarthismo” da base de sustentação do governo interino ocorre em virtude de os artistas serem contra o golpe de Estado, ou seja, querem que Michel Temer (PMDB) saia já do Palácio do Planalto.
Segundo o parlamentar golpista, Claudia Leitte teria utilizado recursos da Lei Rouanet e, mesmo assim, não teria vergonha de cobrar R$ 400 de ingresso no show.
“Essa mamata vai acabar. Por isso esses artistas assinaram manifesto contra Temer”, discursou Fraga.
Já o senador Magno Malta (PR-ES), da tribuna, afirmou que os artistas são acostumados com o “Mamatório da Cultura” alinhada política e doutrinariamente com o governo deposto [da presidente eleita Dilma Rousseff].
A proposta de ‘CPI dos Artistas’ também foi apoiada pelo deputado Pastor Marcos Feliciano (PSC-PR), que declinou o nome do cantor Luan Santana no rol dos futuros investigados pela comissão."
Como se pode perceber, é mais um fruto da união entre as bancadas "da bala e da bíblia" como tem sido chamada a junção da bancada pró armas de fogo e a bancada evangélica. São 3 "bês", ainda falta uma bancada.
Essa operação poderá se utilizar, como título, de uma denúncia bíblica: "Operação coa mosquito e engole camelo". Imagine que revelações virão daí! Farão enrubescer outras tais como: "Lava Jato"; "Satiagraha"; "Zelotes"; "Juno"; "Catilinárias" e Alethéia"; entre outras... Inclusive uma que ainda será instalada: a operação "Até tu Brutus?" - Se quiser ser bíblica pode ser "Iscariotes".
A nota relevante aqui é o fato de se saber que um dos apoiadores gosta de música breganeja, e protege aos que gosta.
Outra nota de igual relevância, é a que a bancada evangélica, chamada de "da bíblia" parece ter um quê de Retrô, vive a evocar o passado: rasgo da constituição federal; golpe de estado; chamar golpista confesso de amigo; criminação de menores; retrocesso nos direitos civis; macartismo...
No golpe que antecedeu a este foi bastante semelhante, só que o macartismo foi mais para dentro da casa, com direito a tortura e tudo... Essa bancada, por enquanto, não tem promovido essa barbárie, só recebe como membro quem homenageia a torturador que dela participou... Claro! Mediante batismo!
Enfim… Quanta saudade? Infelizmente, eu não tenho TV paga para o poder afirmar com precisão, mas, em alguma TV paga deve, ainda, estar passando o seriado "O Túnel do Tempo"… Está saudoso? Vá assistir esse canal de TV! Ah! Desculpe-me, tem, também, uns bons canais sobre História.
Alguém dirá, mas, você, também, não é da bíblia? Sou! Mas, a minha Bíblia é com B maiúsculo, e não só não ensina, como condena essas "tenebrosas transações"!