Seguidores

sábado, 7 de setembro de 2013

E ele quer falar...


No Brasil, eleição será decidir entre três elites: a elite socialdemocrata; a elite ambientalista; e a elite trabalhista (que não deveria ser elite, mas, se elitizou).

Há, também, os gatunos, a elite do colarinho branco, mas, estes seguem as tendências.

Essas elites sabem tudo sobre tudo, eles têm teorias de todo o tipo, sabem o que o povo deve querer; o que o povo deve fazer; e como o povo deve votar.

Como eles sabem disso? Mistério... Mas uma coisa é certa, não foi ouvindo o povo! Eles têm tanto a dizer ao povo, que não têm mais tempo para escutar.

Engraçado, é que todos eles estão disputando eleições a pedido do povo, ninguém  está de moto próprio. E tudo vai dar certo, basta o povo se manter no lugar que lhe é devido, o de votante.

O povo não é ouvido, mas, não precisa se preocupar, será atendido. Basta votar certo, o que varia, dependendo da elite que está discursando.

Talvez, a única forma do povo ser ouvido, é fazer como ouvi de um renomado jornalista: é, simplesmente, não votar em ninguém.

Não, ele não estava dizendo para anular o voto, ou votar em branco. Ele falava em não aparecer na sessão eleitoral no dia da eleição.  A gente usa o dia para passear com a família, depois paga a multa, e pronto.

Radical, ele, mas, quem sabe essa seja a única forma da classe política brasileira entender que estamos cansados de ouvir, e que, agora, o povo quer falar e quer ser atendido.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Pelo Direito de Discordar!


Ariovaldo Ramos

Fui advertido de que nesse momento, que estamos vivendo na Igreja evangélica brasileira, discordar do Presidente do CDHM, em exercício, é concordar com o movimento GLBTS, e vice versa.

Discordo!

Eu respeito o irmão e oro por ele, mas, discordo da forma como o Deputado está conduzindo o mandato que recebeu de seus eleitores.

Eu respeito os seres humanos que optaram pela homossexualidade, mas, entendo que os direitos que estão a reivindicar já estão contemplados nos direitos da pessoa humana, cobertos por nossa constituição, e que o que passa disso constitui reclamos por privilégios, o que não é passível de ser concedido numa democracia, sob pena de contradize-la.

Eu respeito o direito das uniões homossexuais terem garantida, pelo Estado, a preservação do patrimônio,  por eles construídos, quando da separação ou do falecimento de um dos membros da união. Entretanto, discordo que seja possível transformar uma união voluntária de duas pessoas do mesmo sexo, a partir de opção comum e particular, em casamento, pois isso insinua haver um terceiro gênero na humanidade, o que não se explicita na constituição do ser humano. Assim como não entendo que a conjunção da  maternidade e da paternidade, necessária para um desenvolvimento funcional do infante humano, seja substituível por mera boa vontade.

Eu respeito e exerço direito de pregar o que se crê, mas discordo do pregador, quando diz que Deus matou John Lennon ou aos Mamonas Assassinas, por terem desacatado o Altíssimo, como se o pecado humano não o fizesse desde sempre. A Trindade matou a todos os que a desacatam, em todo o tempo, no sacrifício do Filho, manifesto por Jesus de Nazaré (1Pe 1.18-20), na Cruz do Calvário, oferecendo a todos o perdão e a ressurreição.

Eu respeito o direito de ter religião e o reivindico sempre, mas, discordo de tachar como agentes do inferno quem não concorda com o que penso, como se Deus, por sua graça, não estivesse, desde sempre, cuidando que a raça humana não sucumbisse à rebeldia inerente à sua natureza, o que explica o triunfo do bem frente a maldade explícita. Por isso discordo do pregador quando afirma que o sucesso de um artista, a quem Deus, por sua graça, cumulou de talentos, como Caetano Veloso, só se explique por ter feito pacto com o diabo. Como se ao adversário de nossas almas interessasse qualquer manifestação do Belo.

Eu respeito e pratico o direito ao livre exame das Escrituras Sagradas, conquistado pela Reforma Protestante, e, por isso, enquanto respeito o direito do teólogo expressar suas conclusões, discordo do teólogo quando suas considerações sobre o significado de profecias do texto que amo e reverencio, não corresponderem ao que entendo ser uma conclusão pautada pelas regras da interpretação bíblica,  assim como, no meu parecer, ferirem a uma das maiores revelações desse Livro dos livros: Deus é Pai de todos, está em todos e age por meio de todos (Ef 4.6).

Reconheço a qualquer ser humano o direito de protestar contra o que não concorda, mas, nunca em detrimento do direito do outro, o que inclui o direito ao culto. Uma coisa é discordar do político outra coisa é cercear o direito do religioso, e de quem o convide para participar de um culto da fé que pratica. Uma coisa é denunciar o político por suas posturas, outra, e inadmissível, é atentar contra a integridade física ou emocional dele e dos seus.

Não admito, contudo, como cristão, ser sequestrado no direito de discordar, ou ser tratado como se fosse refém das circunstâncias, sejam elas quais forem. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5.1).

Lamento que haja, entre os cristãos, quem trate a nossa fé como se fosse frágil e necessitada de proteção. Nossa fé foi preponderante na construção do Ocidente, e resistiu às mais atrozes perseguições.

Nós sempre propugnamos pela liberdade. Nós impusemos a Carta Magna ao Principe John, na Inglaterra; construímos o Estado Laico na revolução americana, quando, numa nação majoritariamente cristã, todas as confissões religiosas foram tidas como de direito. Nós lutamos entre nós pelo fim da escravidão, seja na guerra da Secessão, seja por meio de Wilberforce, premier Inglês, e de tantos outros movimentos. Nós denunciamos e enfrentamos os que entre nós quiseram fazer uso da nossa fé para legitimar a opressão. Os maiores movimentos libertários nasceram em solo cristão, e mesmo quando renegavam ao que críamos, não havia como não reconhecer a nossa contribuição à emancipação humana.

Nós construímos uma sociedade de direitos, lutamos por e reconhecemos direitos civis, e não podemos abrir mão disso; não podemos abrir mão da civilização que ajudamos a construir e a solidificar, onde mulheres, homens e crianças são protegidos em sua integridade e garantidos em seus direitos. Na democracia que ajudamos a reinventar, onde cada ser humano vale um voto, tudo pode e deve ser discutido segundo as regras da civilidade.

Nossa fé foi construída por gente que foi a toda luta que entendeu justa, pondo em risco a própria vida, e por mártires, por gente que se recusou a matar, por gente que não capitulou diante do assassínio, pois nós cremos que Deus é amor, e que o amor de Deus é mais forte do que a morte (Rm 8.38). E por amor a Deus e ao seu Cristo lutamos pela unidade e pela liberdade da humanidade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O MASSACRE DO PINHEIRINHO - FAZ UM ANO!!!!


HÁ UM ANO, O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ENCERRANDO, UNILATERALMENTE, DE SURPRESA, AS NEGOCIAÇÕES COM A POPULAÇÃO, COMETIA O MASSACRE DO PINHEIRINHO - EXPULSANDO CERCA DE 9000 PESSOAS DE SUAS CASAS E, ATO SEGUINTE, DERRUBANDO AS SUAS CASAS!

ESCREVI, NA ÉPOCA, 2 ARTIGOS, QUE REPUBLICO PARA QUE TAIS CRIMES CONTRA A HUMANIDADE NÃO SEJAM ESQUECIDOS!


ARTIGO 1-
Pela independência, a morte!,

Independência ou morte! Foi, em 7 de setembro de 1822, o grito do príncipe regente do Brasil, na época Reino unido a Portugal, que deflagrou o movimento pela independência do Brasil. O regente gritou ao receber a ordem da metrópole, para que o Brasil voltasse ao estado de colônia de Portugal. Esse grito se deu às margens do rio Ipiranga, sito no território do que viria a ser o Estado de São Paulo, parte do que viria a ser a República Federativa do Brasil.

Embora, ainda hajam colônias, formais e não formais, inclusive, no continente americano, há muito não se ouve mais gritos dessa natureza. Qual foi o último? Timor Leste? Bem, até o último dia 22 de janeiro de 2012, há muito não se via uma declaração de independência!

Na data, de 22 de janeiro de 2012, na América do Sul, o governo do Estado de São Paulo, província com o maior PIB país, quebrou o pacto federativo da República Federativa do Brasil, estabelecendo, formalmente a sua independência.
E o mundo todo ficou sabendo que havia mais um regente querendo ser imperador.

Entre o primeiro e o segundo imperador há similitudes: o primeiro, que passou para a história do Brasil como D. Pedro I era de origem nobre, o segundo, que, tomara, não permaneça na história, pertence a um partido que se entende de nobres. O primeiro herdou um país do pai, o segundo tentou, mas não conseguiu o governo do País. O primeiro gritou: independência ou morte, o segundo permitiu a morte pela independência.  O primeiro, segundo indicava a sua frase, estava disposto a morrer, o segundo, segundo indicou o seu ato, deu a impressão de que estava disposto a matar.

Nessa data de janeiro de 2012,  o governo da província de São Paulo desrespeitou a justiça federal, de âmbito nacional, que emitira um ato jurídico suspendendo a reintegração de posse de uma propriedade, há 8 anos, ocupada por 9000 pessoas e a consequente utilização de ação policial para tanto.




Eis o parecer do Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil:

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, classificou como ilegal a reintegração de posse, que foi realizada ontem apesar de ordem da Justiça Federal mandando suspender a ação.
"Há um conflito de competências e isso só pode ser solucionado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Houve quebra do pacto federativo", afirmou Cavalcanti. Ele também chamou a atenção para supostas violações de direitos humanos durante o processo de reintegração de posse realizado pela Polícia Militar.

Eis a história da proclamação da independência:
Na manhã de 22/01/2012 uma ordem suspendendo a reintegração, assinada pelo juiz federal plantonista Samuel de Castro Barbosa Melo, foi entregue por oficiais de justiça ao assessor da presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), Rodrigo Capez. Segundo o TJ-SP, o Tribunal Regional Federal não tem competência para intervir na questão.   (o Tribunal do Estado julga a competência do tribunal Federal)
"O ato judicial concorrente do Tribunal Regional Federal não tem qualquer efeito para esta Justiça do Estado de São Paulo, que é absolutamente independente e não tem relação com aquele outro ramo do Judiciário", escreveu o presidente do TJ-SP, Ivan Ricardo Garisio Sartori, em resposta a consulta da juíza Márcia Faria Mathey Loureiro, da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, que havia emitido a ordem de reintegração de posse da área.
Em 17/01/2012 a polícia se dirigia para fazer a reintegração de posse quando a juíza federal Roberta Monza Chiari suspendeu a ação. A liminar dada por ela foi cassada no mesmo dia pelo juiz federal Carlos Alberto Antônio Júnior, substituto da 3ª Vara Federal em São José dos Campos. No entanto, na sexta-feira, (20/01/2012) o desembargador federal Antonio Cedenho revalidou a decisão da magistrada.   (e a sanção Federal foi mantida)
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ao Estado que foi surpreendido pela ação poclial, mas que teve do governador Geraldo Alckmin garantias de que "seria pacífica e segura". (E o governador do Estado de São Paulo admitiu o ato de independência.) – grifo e parêntesis nossos

Sobre o terreno, em questão, diz o Global Voice (http://pt.globalvoicesonline.org/2012/01/24/brasil-pinheirinho-massacre/):
O terreno do Pinheirinho, ocupado há 8 anos e onde vivem mais de 1500 famílias, ou algo entre 6 e 9 mil pessoas, pertence à massa falida do especulador libanês Naji Nahas e de sua empresa, Selecta. Nahas, que já chegou a ser preso pela Polícia Federal por crimes financeiros, passou a proprietário do terreno no início dos anos 80 embora não exista informação sobre como foi feito o processo de aquisição após o assassinato nunca solucionado dos antigos donos, em 1969.  (terra sem herdeiros passa a pertencer ao Estado para benefício da população.)

E, sobre o processo, diz o Global Voice:
O governo de São Paulo havia exigido a reintegração de posse em meados de janeiro e várias idas e vindas na justiça transformaram o caso numa grande confusão com o governo federal disposto a comprar e regularizar o terreno, mas com a prefeitura e o governo de São Paulo se recusando a cumprir o acordo.
Porém a ordem para a reintegração de posse do terreno foi suspensa quando o governo estadual e federal entraram em acordo para abrir uma janela de negociação de 15 dias para que a prefeitura local pudesse decidir se iria em frente com a reintegração ou transformava o terreno de mais de um milhão de metros quadrados em área de interesse social, passando então a titularidade para os moradores, em geral trabalhadores pobres e suas famílias.
Tropa de choque em posição de ataque. Foto do perfil @PinheirinhoSJC. Uso livre


acordo, porém, foi descumprido e, sem nenhum aviso, a PM chegou ao local com um efetivo perto de 2 mil policiais fortemente armados, além de um número ignorado de Guardas Civis para desocupar o terreno. Como era de se esperar, houve resistência.
Mesmo pegos de surpresa, os moradores tentaram armar barricadas, ateando fogo em carros, prédios públicos vizinhos e atirando pedras, demonstrando total desespero frente à ação despreparada e violenta da polícia.

E foi assim que o mais recente grito de independência ecoou, mas, diferente do grito de 1822, não foi a voz do governador do, agora, império de São Paulo, que se ouviu. Ouvido foi o grito de milhares de seres humanos, principalmente, de mulheres e de crianças:  grito de dor, grito de angústia, o grito dos aviltados e dos injustiçados!

Espera-se, um ano depois, que a Republica Federativa do Brasil interpele o Estado de São Paulo, para que o novo império não se consolide, e para manter a integridade da Federação do Brasil e que, como parte da interpelação, o direito dos, agora, despossuídos e em situação de rua, seja exigido, e eles sejam indenizados e recuperem as suas moradias.
Caso isso não aconteça, dificilmente o Brasil conseguirá vir a ser uma nação.



ARTIGO 2
Reajamos ao Massacre
O Bispo Ambrósio, Bispo de Milão, Itália, não deixou o imperador entrar na Igreja, para participar da missa, por oito meses! Porque, entre 388 DC e 390 DC aconteceu, na Grécia, um massacre de enormes e dramáticas proporções.
Teodósio 1, o Grande, era o imperador de Roma. Graças a uma trama política, que não foi orquestrada por ele, mas, que acabou por provocar a morte do imperador do ocidente, Teodósio, que era, originalmente, do oriente, governou um império reunificado. Foi o último imperador romano a ter essa extensão de governo.
Por volta do ano 388 DC, o Gal. Buterico era o chefe da infantaria romana que controlava a cidade de Tessalônica, cidade grega, fundada em 316 AC, que era capital de um dos quatro distritos romanos da Grécia.
Cumprindo um decreto do imperador, o Gal. Buterico mandou por na cadeia um atleta, um auriga, nome dado ao esportista que conduzia bigas, pequenas carruagens individuais, onde o condutor tinha de ficar em pé, puxadas por velozes cavalos, que disputavam corridas nos circos. Os circos eram construções semelhantes ao famoso Coliseu romano, agora, dedicadas aos esportes, e não mais às lutas dos gladiadores, e que faziam parte da vida de muitas cidades do império romano.
O atleta, cujo nome não se sabe, conduzia quadrigas, nome dado às tais carruagens quando puxadas por 4 cavalos, era muito popular; um atleta tão bem sucedido, inclusive do ponto de vista financeiro, quanto os melhores futebolistas da atualidade. A população, quando soube da prisão do atleta, se revoltou, e atacou aos romanos, e, entre outros oficiais da infantaria romana, o Gal. Buterico foi morto.
Ambrósio era o Bispo da cidade de Milão, onde o imperador Teodósio, que frequentava a Igreja, se encontrava. Conhecendo o temperamento do imperador,  Ambrósio o visitou e lhe pediu que, diante do motim, reagisse com misericórdia.                               
Teodósio, no entanto, dando a entender que havia ouvido o conselho do Bispo, fez com que se espalhasse a notícia de que Tessalônica seria perdoada, contudo, organizou a tropa, sedenta de vingança, para que, tão logo a cidade voltasse à normalidade, agisse com rigor.
A cidade, como era de se esperar, aos poucos, foi voltando à normalidade, principalmente, porque tudo dava a entender que a notícia veiculada, ainda que de modo não oficial, era verdadeira. 
Os tessalonicenses, então, retomando o costume e o cultivo da paixão pelas competições esportivas, retornam ao circo, que fora o palco do que acabou por provocar o motim e a morte dos oficiais romanos.
Em determinada ocasião, quando, despreocupadamente, parte considerável da população de Tessalônica se encontrava no circo de esportes, a tropa romana, sob ordens do imperador, cercou o circo e massacrou cerca de 7000 seres humanos. Uma barbárie! Barbárie que ficou conhecida, na história, como o Massacre de Tessalônica.
Tão logo soube disso, o Bispo Ambrósio exigiu que o Imperador se arrependesse publicamente.
Algum tempo, depois de saber da exigência do Bispo, Teodósio resolveu ir ao encontro sagrado, porém, o Bispo Ambrósio saiu à porta da Igreja e impediu o Imperador de entrar para participar do culto, dizendo que ele era um sanguinário, e que se ele não se arrependesse publicamente, não teria mais acesso à missa.
O Imperador resistiu por oito meses, porém, quando se deu conta de que o Bispo não arredaria pé de sua posição, cedeu, e, oito meses depois da intimação do Bispo, o Imperador foi à Igreja vestido como penitente e, publicamente, pediu perdão por seu pecado, pediu perdão por ter ordenado o massacre.
E, embora, o mal não pudesse ser desfeito, a justiça tinha logrado êxito. Ficava, publicamente, claro que ninguém, sob alegação alguma, poderia eximir-se da justiça. Ficava claro que a lei que não serve à justiça, não serve. Ficava claro que o governo que não serve à justiça, não serve.
No dia 22 de janeiro de 2012, em São José dos Campos, São Paulo, Brasil, quase dois mil anos depois do ato do Imperador Teodósio 1, assistimos a um ato de injustiça, a uma barbárie, também, de grandes proporções: 9000 pessoas foram desalojadas de suas moradias e colocadas em situação de rua, e suas casas, nas quais já habitavam a oito anos, foram demolidas. Um massacre que não tirou a vida das vítimas, mas, que desconsiderou o seu direito à dignidade no viver.
Os tempos deveriam ser outros! É tempo de democracia, regime, onde a autoridade maior é o povo. Um regime onde o governo deve ser exercido em nome do povo, e para o benefício do povo.
O motivo alegado para a prática do massacre, foi a reintegração de posse do terreno ocupado por essas 9000 pessoas a, pelo menos, 8 anos. Posse duvidosa, diga-se de passagem, porque este terreno foi propriedade de uma família que não deixou herdeiros, passando a posse do terreno, por justiça, essa, sim, legislada, para o Estado, portanto, para benefício do povo.
Estado que, a exemplo de Teodósio, ludibriou o povo, uma vez que lhe forneceu os serviços básicos de infraestrutura, tais como, água encanada e luz elétrica.
A presença desses serviços do Estado, certamente, deu aos moradores do Pinheirinho, nome pelo qual era conhecido o condomínio residencial, a certeza de que seu direito à moradia havia sido reconhecido, assim como, havia sido corrigido o desvio de posse desse espaço de terra que, de fato, deveria ser utilizado para o benefício do povo.
Engano nada ledo! Um governador redivivo, forneceu as condições para que a injustiça solapasse o direito. E o que durou oito anos acabou em menos e oito horas.
Os moradores estavam negociando, tentando fazer valer o bom senso, já que o mero senso de justiça não foi suficiente! Que nada! As negociações foram desconsideradas! Restaram os gritos, as lágrimas e som áspero da injustiça zombando do direito. Restou a rua para idosos e crianças, para os trabalhadores e as trabalhadoras.
O governador, também, a exemplo do imperador antigo, frequenta a Igreja. O seu ato trouxe para perto de nós uma antiga história. Terá vindo com essa história, a inspiração de Ambrósio? Será que um Bispo haverá, que impeça o governador de assistir à missa, até que, publicamente, admita o seu pecado, e, arrependido, restitua aos lesados o que lhes garante o direito, o que impõe a justiça?
Tomara, como quer Deus, haja, ainda, na Igreja, sacerdotes desta envergadura! Tomara haja, nos frequentadores da Igreja (e, por que não em todos os homens de bem?), a firme disposição de não participar desses atos de injustiça, independente de como venham travestidos! Tomara, decidamos, nós, que frequentamos a Igreja (e, por que não, todos os homens de bem?), resistir, em nome da consciência, a essa e a qualquer ação similar, que mais parece, como mencionado pelo poeta, fruto de “tenebrosas transações”, que sempre está a serviço da ignomínia.
É bem possível que isso nos gere muito desconforto; que gere muita incompreensão, muita ação disciplinar; que gere muita perda de emprego; que gere muita exoneração; que gere muita perseguição. Mas, de certo, também, há de, finalmente, gerar definição, há de deixar claro onde e em quem o rito é só ritualismo e onde o rito é, de fato, culto. Há, certamente, de gerar caráter, e há de recuperar o sentido do ser cristão (e por que não, o de ser gente de bem?), e há de recuperar o nosso compromisso com a democracia.